quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Um pedacinho da história Goelzer em poesia
João Goelzer e Emília Suzana Becker
Os dois nomes
Que aqui nos trazem,
Aqui nos fazem
Herdeiros da mesma história
Memória que não se apaga
Por nada
Nada nos fará esquecer
O que nos fará viver
O que nos faz viver
O que nos fez viver
Com um significado maior
Legado melhor
Que nos deixaram:
Nos ensinaram a arte de viver
Não só por viver
Mas para ter sentido
A vida
Concedida por Deus
Com seus erros
Nós aprendemos
A não fazê-los também
E não os fazemos.
(Não os fazemos?)
Com seus acertos
Nós aprendemos
A acertar também.
E acertamos.
(Acertamos?)
Nos espelhamos!
E quem tem um espelho assim
Sabe, enfim, como viver.
É só querer!
Nos espelhamos na humildade
Daquela casa
Que lembramos com saudade
Nos espelhamos
Na simplicidade daquela sala
Com suas paredes
Forradas de fotografias
Que faziam papel de cortinas
Descortinavam a história
Em cada quadrinho
Que a “Mutter” emoldurava
E cuidava
Como se fossem feitos de ouro
Perfeito tesouro
Da memória familiar
Lembrar desta imagem
É privilégio
Que precisamos aproveitar.
Nos espelhamos
No capricho do chimarrão
Daquela mão já cansada
Do Vater Goelzer
Mas que não negava fazer
Com o maior prazer
Um chimarrão igual ao outro
Da erva na caixinha
Sempre cheinha
Da chaleira no fogão
Sempre quentinho
Que jeitinho!
Sempre na alegria
De nos fazer aprender
A tomar chimarrão
E a gente aprendeu
E já deu adiante o jeito
No maior respeito
Pela tradição
Nos espelhamos
No carinho para fazer
Com aquele jeitinho perfeito
Aquele ninho bem feito
Naquele colchão de palha
Lembro ainda o barulhinho.
Lembro bem do cheirinho
Cheirinho de limpeza
De pureza
De ninho
Nos espelhamos
No esmero do preparo
Do churrasco
Naquela vala no chão
Quanta trabalheira!
Ladeada com pés de bananeira
Naquele fogo já feito bem cedo
Pra que o segredo
De virar a carne
A cada hora durante a noite
Desse certo
E dava
E que gostoso ficava!
Nos espelhamos naquela mesa
Naquela sopa sempre igual
Naquela sobremesa sem igual
(sagu com vinho)
E o jeitinho da “Mutter”
De organizar a família
Pra que ninguém sobrasse
Pra que nada faltasse
Pra que tudo desse certo
E dava.
Dava o café da tarde
Que as mulheres serviam
Dava alegria
Dava apetite
E dava o convite
Para a próxima Páscoa
Para o próximo Natal
Para os próximos aniversários
Sempre igual
Bolacha pintada.
Não trocávamos por nada!
Aquela cuca recheada da “Mutter”...
Aquele “schluck” do “Vater”...
Não dá pra esquecer
Não podemos esquecer
Não queremos esquecer
Queremos viver
Na memória
De toda esta história
Queremos continuar
A caminhar
Os mesmos passos
De braços dados
Irmanados
Irmanadas
Louraini Christmann, filha de Illa Hilma Goelzer Christmann
setembro de 2009
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