sábado, 29 de junho de 2013

Opiniões divergentes





Opiniões divergentes
Lola –
(1989, na luta das comunidades
atingidas por barragens
no vale do Rio Uruguai)


(recitado por duas pessoas alternadamente)
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Boa noite, minha gente
Eu vim aqui pra falar
Que esta tal organização
Não dá pra nem começar
É uma coisa tão pequena
Tão sem graça, não vale à pena
A gente se mobilizar
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A gente se mobilizar
É uma coisa tão pequena?
Eu trago outra opinião
Pois digo que vale à pena
Boa noite, companheirada
Eu estou muito animada
Pra esta mobilização
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Pra esta mobilização
Eu acho que não tem motivo
Pois não é só destas terras
Destas barrancas que eu vivo
Também vivo de energia
E digo com euforia
Que o progresso eu incentivo
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Que o progresso tu incentivas
Como você pode ser tão cega!
O progresso, o bem estar
Ninguém de nós aqui nega
O que negamos é o jeito
Com tanta falta de respeito
Que nossa autonomia entrega
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Que nossa autonomia entrega
Com o projeto de barragens?
Não é assim, minha querida
Tu ta falando é bobagem
O `Plano 2010’ tem o cheiro
De dinheiro do estrangeiro
Que vem pra nossa bagagem
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Que vem pra nossa bagagem
É muito sofrimento, muita dor
Nos tiram as terras, as matas
Nos tiram todo o nosso valor
Tudo o que nós tanto amamos
O que nós valorizamos
Querem nos tirar com rancor
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Querem tirar com rancor?
Não vão nos tirar nada
Vão indenizar muito bem
As terras, as casas, as estradas
Temos que ficar bem quietinhos
Cada um no seu cantinho
Esperando esta empreitada
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Esperando esta empreitada
Não dá pra esperar nada, não
Tudo o que foi conseguido
Foi na base da organização
Na base de muitos protestos
De muita luta e manifestos
Na base de muita união
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Na base de muita união
Vocês vão é estragar tudo
Nesta história de projetos
Bom é ficar em cima do muro
Com movimentos eu não me envolvo
Pois com isso o nosso povo
Ainda vai ficar no escuro
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Ainda vai ficar no escuro
E não é no escuro que nós estamos?
Não é por muita claridade
Que justamente nós lutamos?
E não é por estarmos parados
Terrivelmente acomodados
Que tanta dor enfrentamos?
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Nós tanta dor enfrentamos
Por não querer trabalhar
Ficamos perdendo tempo
Ao invés de só caprichar
Trabalhando no nosso canto
Os problemas, como por encanto
A gente pode mandar pastar
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A gente pode mandar pastar?
É isto que eles fazem com nós
Chega de ficar parados
Temos que erguer nossa voz
E entrar juntos na defesa
Da nossa vida, da natureza
E unidos, jamais estaremos sós
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Unidos, jamais estaremos sós?
Não é o que estão dizendo
Que não vamos ganhar nada
Se lutarmos, estão prevendo
Mas... eu me interessei nisso
Me explica mais sobre isso
Ainda não estou entendendo
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Ainda não estás entendendo?
É de fato complicado
A propaganda é tão grande
Pra nos deixar enrolados
Os grandes têm muito medo
Pois nossa união é o segredo
Pra não sermos derrotados
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Pra não sermos derrotados...
Eu nem acreditava mais
Porque o povo brasileiro
Está sendo passado pra trás
É conversa de todo tipo
Que eu já nem mais acredito
Por favor, me deixa em paz!
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Por favor,  não te deixo em paz
Porque como eu, tu és atingida
Por este projeto de barragens
Que quer barrar nossa vida
Toda a nossa história
Com toda a nossa memória
Não pode ser destruída
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Não pode ser destruída
Ta bom, eu concordo com você
Mas já está tudo decidido
Mais nada dá pra fazer
O Brasil inteirinho
Pedacinho por pedacinho
Já acabaram de vender
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Já acabaram de vender?
Não aceitamos isso, não
Não aceitamos o desrespeito
Que vende nossa terra, nosso pão
Sem perguntar pros atingidos
Que são diretamente envolvidos
Pra tomar tal decisão
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Pra tomar tal decisão
De fato não nos consultaram
Até mesmo o projeto decidido
Eles não nos comunicaram
Meu, como eu fui boba!
Não percebi esta história toda
Que os poderosos planejaram
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Os poderosos planejaram
Isto tudo e muito mais
Inclusive que o nosso povo
Não o compreendesse jamais
Enquanto isso vão construindo
E a natureza destruindo
Para as multinacionais
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Para as multinacionais
Nós temos que dar o troco
Temos que nos organizar
Pra sair desse sufoco
Porque o povo organizado
Que está interessado
Ainda é muito pouco
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Ainda é muito pouca
A nossa fé, nossa coragem
Ainda não assumimos
De corpo e alma esta mensagem:
De que se nós não optamos
Se nós de fato não aceitamos
Ninguém aqui faz barragem

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(par e ímpar dizem em conjunto)
Ninguém aqui faz barragem
E nós salvamos a região
Natureza, igreja, escolas
Toda a nossa produção
Salvamos a comunidade
Vamos dizer com vontade:
TERRA, SIM! BARRAGENS, NÃO!









quarta-feira, 26 de junho de 2013

É a vida!




É a vida!
(Lola, 09.06.13)


É a vida
Que me faz
Tão ansiosa
Pela paz

A paz
Tão preciosa
Para a vida
Faz a vida
Ter mais vida

Mas a paz
Se desfaz
Toda a vez
Que um direito
É tirado
Toda a vez
Que o respeito
É roubado
Toda a vez
Que a injustiça
Não tem vez

É a vida
Que me faz
Tão ansiosa

Pela paz

sábado, 22 de junho de 2013

Viva o respeitável povo brasileiro!!!




Viva o respeitável povo brasileiro!
(Lola, 21.06.2013)

Há tantos e tantos anos
Já fomos para a rua
Protestamos
Reivindicamos
E conquistamos
Muitos direitos
Muito realizamos
E ganhamos
O respeito lá de fora


Agora
É hora de continuar
A caminhada
Iniciada há tantos anos
Protestando
Reivindicando
Para conquistar
Ainda mais direitos
Para muito mais realizar
E ganhar
Ainda mais respeito
Do mundo lá de fora

Agora
Também é hora
De celebrar na rua
O Brasil que já somos
O Brasil que construímos
Nestes anos todos
Protestando
Reivindicando
Conquistando
Realizando...


VIVA O RESPEITÁVEL POVO BRASILEIR

quinta-feira, 20 de junho de 2013

E viva São João!!!




E VIVA SÃO JOÃO!!!


O exemplo de João
(Lola,  baseada em Mc 1.1-70)

Simplicidade com ousadia
Ousadia com simplicidade
Lição de enorme valia
Lição de João Batista

Busquemos com seriedade
Nossa inspiração
Nesta lição.
De João
Para que possamos encaminhar
Com simplicidade e ousadia
Os caminhos nos nossos dias
Desertos também
Por certo

Aliás...
A vida vira um deserto
Se a simplicidade
E a ousadia
Não estiverem por perto
Bem pé no chão

Saibamos ser
Simplesmente João
Ousadamente João
Para abrir o caminho
Como tão bem
Fez João
Chamado
E enviado por Deus
Que foi.
Chamados(as)
E enviados(as) por Deus
Que somos

Não tinha roupas
Como mandava o figurino
Usava roupas de pelo
De camelo
Ousava na simplicidade
E sobrevivia.

Não tinha banquetes
Como mandavam as etiquetas
Comia gafanhotos e mel
Ousava na simplicidade
E sobrevivia.

Não sou o Messias
Dizia
Não sou Elias
Insistia

Vivia para falar a respeito da luz
Ele não era a luz
Mas veio para falar da luz
Veio pra anunciar Jesus

Nós?
Agimos como se nós fôssemos a luz
E não falamos da luz

Acendemos a nossa luz
Apagamos a luz de Deus

Acendemos os holofotes
Da nossa passarela
Como se ela
Fosse o centro da caminhada

Ofuscamos os holofotes
Da passarela de Deus
Como se ela
Não fosse nada

Simplicidade e ousadia
Dica de vida 
Na caminhada de João Batista
Para a gente colocar
No chão de nossa vida.


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Sinto muito!



Sinto muito!
(Lola)

Sinto muito, minha flor!
Sinto tanto!
Tanto que sei
Também sentes
E eu
Sinto-me impotente!

Sinto muito, meu bichinho.
Sinto tanto!
Tanto que sei
Também sentes
E eu
Sinto-me impotente.

Sinto muito, minha terra
Sinto tanto
Tanto que sei
Também sentes
E eu
Sinto-me impotente!

Sinto muito, meu mar
Sinto tanto
E tanto que sei
Também sentes
E eu
Sinto-me impotente!

Sinto muito, meu ar
Sinto tanto
E tanto que sei
Também sentes
E eu
Sinto-me impotente!


E o que vocês sentem
Enfim
Em relação a mim
Ser humano impotente?

...

Eu sinto muito!

Eu sinto tanto!

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Serenidade e tranquilidade




Serenidade e tranqüilidade
(Lola)

Serenidade
Tranqüilidade
É o que a saudade
Me traz
Quando me faz
Pensar em ti

Mas não resisti
Ao sentir
Que a saudade
Te quer aqui
Desesperei
E chorei

A serenidade
E a tranqüilidade
Que sinto em ti
Se foram com a saudade

Assim
Eu fico sem ti
E sem mim

Mas volta tudo
Com a tua volta
Volta a serenidade
E a tranqüilidade


Que bom sempre voltas!

terça-feira, 11 de junho de 2013

Intuição




Intuição
(Lola)

Intuir
É mais que saber

Intuir
É saber que tem
Algo a saber
Que não se sabe
Que  `quem sabe`
Teria que saber

Intuir
Não passa pela razão
Intuir
Passa pelo coração

É pura emoção

Intuição



sexta-feira, 7 de junho de 2013

O caminho que eu sigo




O caminho que eu sigo
(Lola)


O caminho que eu sigo
É caminho acidentado
Tem mil curvas e barrancos
Tem mil pedras, solavancos
Mas eu não tenho parado

Nas curvas eu me embalo
Nos barrancos eu me sento
Com as pedras cubro a estrada
Dos solavancos não sobra nada
Meu caminho eu sustento

E quando a geada fria
Embranquece o vermelho chão
Desde quando amanhece
Até quando anoitece
Eu não me entrego, não.

E quando o sol à pino
Eleva a temperatura
Eu abro o meu guarda-sol
E até o pôr-do-sol
Eu sigo minha aventura

E quando a noite vem
Com cantigas de ninar
Me aconchego ao travesseiro
Me achego ao companheiro
E durmo até o sol raiar.



domingo, 2 de junho de 2013

Inverno



Inverno
(Lola,27.05.2013)

O vento
Traz a chuva

A chuva
Traz o frio

O frio
Traz o inverno

Mas o inverno
Traz fogo aceso
E quem a gente ama
Em torno do fogão

Inverno traz calor
Apesar do vento
Apesar da chuva
Apesar do frio
Apesar de tudo...


Oiiii! Que bom que estás aqui comigo. Valeu!

Oiiii! Que bom que estás aqui comigo. Valeu!
Muito obrigada pela visita. Volta!