segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O que busco?





O QUE BUSCO?
(Lola)

Busco
O impossível
No meu jeito
De levar a vida
Mas posso dar um jeito
De mudar a lida

Que bom!

Busco, então,
O possível
Por que, enfim,
Depende de mim.


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Outro modelo energético



Outro modelo energético
Lola

Mordomias do primeiro mundo
Se estenderem
Para o terceiro?

O mundo não agüenta!
Arrebenta!

Fácil,então:
É barrar as conquistas
Ao terceiro mundo
Estas todas que o primeiro
Já garantiu?
(Às custas
Dos recursos naturais
Que não aguentam mais?)

Não!

Que tal mudar
O modelo?

Que tal optar
Por outra matriz?

Temos sol botando banca
Temos vento soprando tanto
Temos maré que o mar movimenta
Temos lixo podendo ser mais
Temos mais energia
A cada novo dia
Que Deus cria e recria
Em sua infinita sabedoria

Temos tudo
Para o bem estar
Estar também
Em nosso mundo
Que não é terceiro

Somos primeiro mundo
Vendo à fundo
Novas possibilidades
Novas alternativas
Novos modelos
Novos mundos
Novos!


sábado, 21 de setembro de 2013

Amargo e doce



Amargo e doce
(Lola)

O amargo
Que madrugo
Sevando o meu chimarrão
É para viver doce
Como se fosse
De contradição
Em contradição
Que a vida pudesse
Ser vivida.

E é.

É feita do amargo
E é feita do doce

É feita do chimarrão
E do mate doce

Erva mate e mel
Erva-doce e o fel
De um chá de losna

E se não fosse assim
Não caberia em mim
Tanto doce
Que tenho para dar
Para falar
Para adoçar
As amarguras da vida

As amarguras?
Preciso delas
Para adoçá-las
E com a minha doçura
Impregnar de doce a amargura

As doçuras?
Preciso delas
Para amargá-las
E com a minha amargura
Impregnar de amargo a doçura

Contradição?
É!

A vida é feita de contradição.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Sangue gaúcho






Sangue gaúcho
(Lola)


Em minhas veias
Corre gaúcho sangue

Nas teias
Da minha memória
Escorre
A história
Do Rio Grande!

Expande em mim
No meu ser
No meu querer
No meu viver, enfim
A utopia
De ver um dia
Prevalecer o direito
Assim de um jeito
Que toda a gaúcha
E todo o gaúcho
Recebam respeito
Dignidade de vida
E liberdade concedida
Na luta da vida bem ‘pé no chão’

É utopia de gaúcha
Via labuta
No dia a dia
Ao preparar animada
A cada madruga
Um bom chimarrão







segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Uma gaúcha no Paraná




Uma Gaúcha no Paraná
Lola
Escrevi quando ainda estávamos no Paraná. Eu voltei mas não cosegui trazer ninguém com a gente. (rsrs)
1
Não é por querer dizer
Não é por querer falar
Mas por onde quer que eu ande
É a saudade do Rio Grande
Que me faz querer voltar
2
E me faz querer voltar
Na ânsia do reencontro
Reencontro com a terra
Com o campo, com a serra
Aqui? Igual? Não encontro.
3
Igual aqui não encontro
A força da tradição
Tradição da melhor dança
Que se dança e não se cansa
É rancheira! É vaneirão!
4
Na rancheira, no vaneirão
No balanço da bombacha
Enrolada no vestido
Que em compasso definido
Como que se perde, mas se acha
5
Como que me perco, mas me acho
Em cozinha de galpão
Me acho na liturgia
Que eu celebro cada dia
Fazendo meu chimarrão
6
Pois é fazendo o chimarrão
Que observo meu companheiro
Que muito lá no seu jeito
Vai fazendo muito bem feito
O melhor do carreteiro
7
O melhor do carreteiro
Com charque de tradição
Mas em dias especiais
Ele se esmera mais
E faz aquele costelão
8
Aquele costelão
É desculpa para juntar
Esta gente tão querida
Que nos alegra tanto a vida
E nos faz aqui ficar
9
Mas nos faz aqui ficar
Por enquanto, pacientemente
Enquanto que planejamos
Para ver como levamos

Vocês todos com a gente!

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Velho vestido de riscado




Velho vestido de riscado

(Escrevi esta poesia há 26 anos -16.09.1987-
em homenagem a duas grandes mulheres agricultoras:
minha mãe e minha irmã.
Hoje elas estão juntas,
 plantando as terras férteis lá do céu.
Eu é que estou sozinha)

...

Velho
Vestido de riscado
Desbotado
Suado
E gasto

Vastos remendos
Nas costas
Onde o sol gosta
De gastar mais,
São sinais de trabalho
De cada talho
De foice
De faca
De coice de vaca

Velho
Vestido de riscado
Remendado
Já tens contado
Um bocado de sonhos
Sonhados
Na luta por sobrevivência.

Não te envergonha
De ser só
Um velho
Vestido de riscado
Porque tens dado
A mensagem de perseverança
E de esperança
Da mulher
Por melhores dias

E então?

Se sorrias no trabalho
Sorri também na batalha
Da organização

E te renova
A cada novo retalho
Que tapam as feridas
Porque, de sofridas,
As mulheres serão livres

E cada manga tua,
Velho vestido de riscado,
Cada cintura
Cada decote
Cada fissura
Vai envolver
Gestos de ternura
De uma mulher
Sempre mais espontânea
Autêntica

E livre

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Espera



Espera
(Lola)

A espera
Se faz mais espera
Se a chegada
Demora

É hora
Da espera acabar

É hora

Da hora chegar!

domingo, 8 de setembro de 2013

É no caminho




É no caminho
Lola

É no caminho
Que se forja o caminho

É de mãos dadas
Que se forja a confiança
A segurança

É nadando
Que se aprende a nadar

É na luta
Que se aprende a lutar

E é errando
Que se aprende a acertar.

É vivendo
Que se aprende a viver

É no caminho...


terça-feira, 3 de setembro de 2013

História ferida

 



História Ferida 

Lola

(fiz esta poesia no longínquo 18/09/89, no movimento das comunidades
atingidas pelas barragens no vale do Rio Uruguai)

Sem perguntar pra nós
Se a gente queria ou não
Se a gente podia ou não
Se a gente vivia ou não
O plano surgiu
Se definiu
E desferiu o golpe
De morte no nosso mundo

E o nosso mundo tão nosso
Que a gente fazia tão bem
Que a gente sorria tão bem
Que a gente vivia tão bem
Chacoalhou
E derrubou o sonho
Risonho de ter história

Mas a nossa história ferida
A gente defende na luta
A gente compreende na luta
A gente empreende na luta
Pra que o plano derrotado
Acabado
Seja levado ao fracasso
No compasso da organização

E nossa organização
A que a gente está ensaiando
A que a gente está sustentando
A que a gente está treinando
Faz deste plano de barragens
Uma bobagem
Que a mensagem da vida
Invalida
Na base da fé.

Oiiii! Que bom que estás aqui comigo. Valeu!

Oiiii! Que bom que estás aqui comigo. Valeu!
Muito obrigada pela visita. Volta!