domingo, 27 de março de 2011

Rosas, lazer e prazer (anos 80)

Me disseram que as rosas não contam
Não contam porque nem espantam o frio
Nem matam a fome
Me disseram que as rosas são supérfluas
E que por isso
Não é preciso o povo ter jardim
Pra poder planta-las
E nem um salário suficiente
Pra poder compra-las

Me disseram que o lazer não conta
Não conta porque nem espanta o frio
Nem mata a fome
Me disseram que o lazer é supérfluo
E que por isso
Não é preciso o povo ter tempo
Pra poder curti-lo
E nem direitos
Pra poder exigí-lo

Me disseram que o prazer não conta
Não conta porque nem espanta o frio
Nem mata a fome
Me disseram que o prazer é supérfluo
E que por isso
Não é preciso o povo ter condições
Pra poder vive-lo
E nem sabedoria
Pra poder valoriza-lo

Me disseram tanto, tanto
Mas não me provaram nada

Pra mim
Continua assim
Que também as rosas
O lazer
E o prazer
Espantam o frio
E matam a fome
O frio de uma vivência inerte
E a fome por uma vida abundante

2 comentários:

  1. Lola, adoro a melodia e o ritmo da tua poesia. Ela fica mais linda e encantadora vinda dos seus lábios!!! Estou aguardando seu novo livro, o seu material inédito. Mil beijos, querida...

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  2. Obrigada, Carla.
    As poesias pro meu terceiro livro já feculdaram, claro, mas ainda não consigo fazê-las nascer...
    beijo
    Fico feliz com o teu contato.

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Oiiii! Que bom que estás aqui comigo. Valeu!

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