Tem um buraco

Tem um buraco

Lola

Tem um buraco

Na minha vida

Um buraco

Que me assombra

Não é de sombra

É de luz

Ele me seduz

Mas, ao mesmo tempo,

Me apavora

É hora?

Me detem

Me detém

(Lola, 20.02.2013)

Andando pela estrada

Quando nada

Me detém

Vem comigo minha manha

E eu me assanho para o sonho

Sonho o sonho

Que me convém

E eu sigo pela estrada

Quando nada

Me detém

Convém atenção

E atenção dobrada

Quando tanto me detém

(Tanto quanto

Não me convém)

O que me detém?

Me detém muito trabalho

Me detém mil compromissos

Me detém alguns vícios

Que eu mesma alimento

Mas que tento expurgar

Me detém a mania

De carregar o meu dia

Com as cargas cotidianas

Com as amargas vias

Que emanam cá da vida

Mas que desenganam

O sonho

As manhas

Que detém a estrada

O que nada me convém

Mas continuo

Andando pela estrada

Quando nada

Me detém

O vento que venta

O vento que venta

Lola

Cada jato

Do vento

Que venta na minha janela

Apaga minha vela

Que vela minha dor

E a minha dor

Sem mais vela

Mas com cada jato do vento

Que venta na minha janela

Vai definhando

Agonizando...

A cada jato

Do vento

Que venta na minha janela

E a dor

Não  é mais aquela...

Adeus, dor!

Vai com o vento!

É meu

É meu!

Lola, 08.11.2013

Não tem preço

Não vendo

E não entendo

Quem vende

Rende dividendos?

Rende renda?

Falo da venda

Do que entendo

De mais valioso

De mais precioso

Falo da venda

Do eu

Deus me deu

É meu!

Desperta!

DESPERTA!

Lola

Desperta!

Alerta!

Aberta está a porta!

Suporta o apressar do passo

Passa adiante!

Avante!

Vai depender de ti

Não dá para fazer por ti

Não dá para viver por ti

Desperta!

Alerta!

A vida?

A vida?

Lola

A vida?

O que é a vida?

A vida é mais

Do que estou vendo

A vida é mais

Do que estou vivendo

A vida é mais

A vida é demais!

Demais cor

Demais sabor

Demais amor

A vida é mais

A vida é demais!!!

Cruzes

Cruzes

(Lola)

Cruzes

À beira da estrada

Mostram que a vida

Não é de nada

Nas estradas

Desta vida.

Lutero

Lutero

Lutero

Severo consigo

Austero demais

E quanto mais

Se cobrava

Quanto mais se carregava

De culpa

Mais se torturava

Na desculpa

De ter que se salvar

Se safar do pecado

E o pecado

Vinha dobrado

Mas Lutero

Tão severo

Tão austero consigo

Conseguiu também

(ainda bem!)

Ver adiante

Mesmo diante

Da rigidez da lei

Da estupidez do

“Salve-se quem puder”

“Salve-se quem pagar”

Lutero conseguiu ver além

E descobriu bem certo

O que é que traz

A salvação

Pra perto de nós

Seres humanos

Tão humanos!

A nossa fé

É que conta!

Proclamava!

E é!

É por fé.

É preciso nos dar conta

Que na cruz

Jesus fez tudo

Sobretudo

Por quem mais necessita

Acredita!

É por fé

Não é no

“salve-se quem puder”

Não é no

“salve-se quem pagar”

Só Deus pode

Só Jesus paga

Com a morte de cruz

E só o Santo Espírito

Capacita

Pra levar uma vida

Absolvida

Salva

Na graça do nosso

Trino Deus!

Pastora Louraini Christmann, Lola

do  livro Celebrando em Poesia, página 114

Nós

Nós

Lola

 

Se de manhã

Me sinto mais eu

E se dentro de mim

Sinto mais a manhã

A cada nova manhã,

Então a cada nova manhã

Sou mais eu

E eu me permito

Ser cada vez mais eu

A cada nova manhã

E me permito mesclar

As minhas novas manhãs

E os meus mais ‘eus’

Às novas manhãs

E aos novos mais ‘eus’

De quem me acolhe

Depois que o dia já vem

Mais ele

Mais dele

Benditos dias

Que se refazem comigo

Depois de cada nova manhã

Depois de cada ‘mais eu’

Depois de cada ‘mais nós’

Nós que se perpassam

Que se entrelaçam

Na magia

De cada novo dia

Preciso de ti, guria

Preciso de ti, guria!

Lola

Preciso de ti, guria!

Às vezes,

Aliás,

Muitas vezes,

No preciso dia

Em que precisas de mim!

Preciso de ti, guria,

Como confidente

Como ouvinte

Como gente

Que precisa da gente

Preciso de ti, guria

Pra prosseguir

De cabeça erguida

Sabendo que é assim

Que também precisas de mim

                                   Preciso de ti, guria!